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É PRECISO CAUTELA, POIS O CALDO PODE ENTORNAR...
Iraci del Nero da Costa
São Paulo, 3 de novembro de 2009
A meu ver, nossa recuperação econômica está ocorrendo de maneira muito rápida e sem um respaldo seguro em termos da economia real e de suas efetivas potencialidades. O clima que nos envolve parece aproximar-se mais de um momento de euforia econômica do que de uma sólida caminhada rumo ao crescimento sustentável no longo prazo.
No Brasil, a meu juízo, o comportamento econômico ora observado mostra-se demasiadamente calcado em um alargamento desmesurado do endividamento da classe média e das camadas de renda mais baixa. De outra parte, o governo central vem aumentando largamente suas despesas e o BNDES promove uma política de empréstimos muito permissiva.
Ora, todos estes fatores de estímulo à produção são temporários e, dentro de pouco tempo encontrarão, necessariamente, seus limites. Quando tal fato materializar-se, a economia ver-se-á fortemente afetada e corremos o risco de vivenciarmos um período de abalo econômico, pois o avanço verificado nos dias correntes não poderá sustentar-se tão somente no eventual crescimento de nossas exportações, fortemente marcadas pela presença de commodities. Ademais, no caso de haver uma quebra no preço destas últimas ou de advir um novo sismo em escala mundial, defrontar-nos-emos com uma situação muito menos favorável do que a vigente em fins do ano de 2008.
Na conjuntura atual deve prevalecer, pois, a cautela, cuidado este difícil de ser alcançado numa quadra cada vez mais dominada pela expectativa gerada pelas eleições do ano entrante.
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